ÁREA DO ASSOCIADO

18/04/2017

Como numa luta, empreender é não desistir nunca



O baiano Antônio Rodrigo Nogueira, 40 anos, é um dos maiores nomes brasileiros das artes marciais mistas (MMA).

Minotauro, como é conhecido, foi um dos grandes destaques do Pride, evento japonês que era o mais importante do planeta no começo dos anos 2000, e do Ultimate Fighting Championship (UFC), que transformou o MMA em um dos grandes esportes da atualidade. Mas o baiano é um lutador desde muito antes dos ringues e octógonos em que já lutou. Aos 11 anos, foi atropelado por um caminhão de lixo e ficou 25 dias em coma. Sobreviveu e decidiu que seria um campeão.

Além de um dos grandes nomes do MMA, Minotauro se destaca como um empreendedor de sucesso. Ele comanda a Team Nogueira, rede de academias com unidades no Brasil e no exterior. O ex-lutador também batiza uma marca de bebidas energéticas e dá palestras motivacionais. Além disso, é embaixador do UFC. Neste trabalho, ele tem a tarefa de se relacionar com atletas e representar a empresa em eventos com patrocinadores.

Em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Minotauro falou sobre o processo de criação de seus negócios, de sua rotina pós-aposentadoria e das semelhanças entre empreendedores e lutadores.

Minotauro, de onde veio a inspiração para criar a Team Nogueira?
Por causa da carreira de lutador, eu passei a maior parte da minha vida em academias. Nesse tempo todo, eu aprendi que o relacionamento com o aluno é o grande segredo para o sucesso. Percebi que havia uma oportunidade neste mercado e comecei o negócio em 2009.

Qual é o tamanho da rede?
A Team Nogueira tem hoje 29 unidades, sendo que 26 delas ficam no Brasil, uma nos Emirados Árabes Unidos, em Dubai, e outras duas nos Estados Unidos, em San Diego e West Palm Beach. A maioria das unidades são franquias, mas temos cinco unidades que são licenciadas. Nós licenciamos o nome da Team Nogueira para que academias usem em seu departamento de lutas. A rede tem 14 mil alunos.

Qual é a história da criação do energético com o seu nome?
Tudo começou há 5 anos, quando a LovBev, uma marca Rio de Janeiro, me procurou. Eles queriam lançar uma marca de energético e acreditavam que a bebida teria uma força muito grande se colocássemos o meu nome no produto. Embarcamos no projeto e lançamos o Minotauro Energy Drink.

Em 2015, no entanto, a marca foi muito afetada pela crise. O consumo diminuiu muito. Decidimos suspender as vendas por um tempo. No ano passado, decidimos voltar.

Minotauro Energy Drink (Foto: Divulgação)Minotauro Energy Drink (Foto: Divulgação)

Qual é o seu trabalho nessa parceria?
Hoje temos uma proximidade muito grande com a LovBev. Antes de pararmos a produção, estava mais afastado. Agora a situação é diferente. Nós não administramos as vendas e o financeiro, mas acompanhamos os resultados e traçamos as metas juntos.

Eu também faço palestras motivacionais com vendedores, vou a supermercados, promovo o energético no país inteiro. Isso é importante porque nós somos o DNA da marca.

E na Team Nogueira, vocês sentiram a crise? Vocês fizeram algo para enfrentar o mau momento?
Sim. O número de alunos começou a cair e tivemos problemas maiores em algumas academias que ficaram perto de fechar.

Para reverter essa queda e voltar à normalidade, nós apostamos muito no suporte aos alunos. Ficamos mais próximos deles. Ligamos sempre para eles. Por mais que haja a gente motive todo mundo, nós os tratamos como profissionais da luta. E profissional não pode faltar no treino. Achamos que a rotina ajuda os alunos a se apaixonar pelo que eles estão fazendo na academia.

E como é o trabalho como embaixador do UFC?
Faço muita coisa. Represento o UFC no relacionamento com patrocinadores, participo dos eventos relacionados às lutas, vou em ações sociais do UFC. Também tenho relações com o governo. Estamos trabalhando para reconhecer o MMA como um esporte, o que ainda não ocorreu no Brasil.

Além disso, tenho um relacionamento muito forte com os atletas brasileiros. Atualmente há 82 lutadores daqui no UFC. Nem todos falam inglês e às vezes precisam de ajuda no relacionamento com a imprensa e com patrocinadores. O UFC vai muito além das lutas

Fora essas três atividades principais, você ainda tem mais algum trabalho?
Sim. Eu faço palestras motivacionais em escolas e empresas. Além disso, estou participando da série de documentários “Viver para lutar”, que é feito em parceria com o UFC e o Canal Combate, da Globosat. Visitei cinco países, mostrando a origem de algumas das artes marciais que compõem o MMA.

Existe algum empreendedor que você considera um ídolo?
Eu escolho um empreendedor do esporte: o Zico. Ele tem uma rede de escolinhas de futebol [a Zico 10] e tem projetos sociais ensinando crianças carentes a jogar bola, bem como jogos beneficentes. Ter um negócio e fazer o bem é algo que me inspira muito.

Você foi atropelado na infância e sempre mostrou muita garra em suas lutas. Você traz valores do MMA para o mundo do empreendedorismo?
Sem dúvidas. Valores como determinação e garra são essenciais para quem tem um negócio. Eu acredito que não podemos desistir nunca. Eu também acredito muito que o treinamento, a prática, traz a excelência em qualquer área.

Outra coisa importante é o tratamento com os clientes. No UFC os clientes são quem assistem às lutas. Fazê-los felizes, tratá-los bem, é um dos principais valores da marca. E também deve ser prioridade para uma empresa.


voltar

× FECHAR JANELA