ÁREA DO ASSOCIADO

30/03/2016

Contas externas continuam sendo a única notícia positiva da economia



O Banco Central divulgou os dados de fevereiro sobre as contas do balanço de pagamentos, cujos resultados revelam a continuidade da redução dos saldos negativos (déficits) comerciais e financeiros do país com o exterior. Nesse mês, as transações correntes do balanço de pagamentos (valor das exportações menos importações de bens e serviços) apresentaram um déficit de US$ 1,9 bilhão, uma queda de 73% em relação ao “rombo” de US$ 7,1 bilhões, registrado em fevereiro de 2015 (Tabela 1). No acumulado dos últimos doze meses, o saldo negativo somou US$ 46,3 bilhões, equivalente a 2,67% do PIB, bem inferior ao verificado há um ano atrás, de US$ 102,8
bilhões (4,45% do PIB).

A balança comercial (exportações menos importações de mercadorias) continua sendo a principal responsável pela melhora das contas externas. De um déficit de US$ 3,1 bilhões em fevereiro de 2015, apresentou saldo positivo (superávit) de US$ 2,9 bilhões em idêntico mês deste ano, sendo que, as exportações cresceram 11%, enquanto as importações recuaram 31%

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esses resultados podem ser um sinal de que o setor exportador, principalmente de produtos manufaturados, começa a responder aos estímulos da depreciação da moeda nacional. O dólar mais caro e a recessão econômica, fizeram com que outras contas reduzissem seus déficits, destacando-se os menores gastos com turismo de brasileiros que viajam ao exterior, e a redução nas remessas de lucros e dividendos de empresas estrangeiras situadas no país.

No primeiro bimestre do ano em relação ao mesmo período de 2015, o déficit de transações correntes apresentou redução de US$ 19,3 bilhões para US$ 6,7 bilhões. Esse menor desequilíbrio externo se explica pelos seguintes fatores: aumento do saldo positivo da balança comercial (US$ 9,5 bilhões); redução das viagens internacionais (-US$ 2,2 bilhões) e menores remessas de lucros e dividendos (-US$ 1,2 bilhão).

Ainda no bimestre, os investimentos diretos de empresas estrangeiras no pais, que atingiram US$ 11,3 bilhões, foram mais do que suficientes para cobrir o déficit das contas correntes no período. Tratam-se de capitais de longo prazo que tendem a se transformar em novos investimentos no país. Por outro lado, capitais considerados especulativos, como aplicações em ações e fundos de renda fixa, apresentaram saída líquida de US$ 7,3 bilhões, como resultado da deterioração dos indicadores econômicos e da crise política enfrentada pelo país.

Em síntese, as contas externas brevemente deverão estar equilibradas, graças aos superávits alcançados pela balança comercial, que registra forte redução nas importações e o começo, embora ainda tímido, do crescimento das vendas ao exterior.

Diante dos resultados obtidos, o Banco Central já reduziu sua projeção para 2016 do déficit da conta “transações correntes” de US$ 41 bilhões para US$ 25 bilhões. Fica, portanto, afastada qualquer possibilidade de o país voltar a ter crises cambiais, como no passado. Pena que esse equilíbrio das contas do setor externo está sendo alcançado por conta de uma recessão econômica.


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