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06/04/2015

DENGUE - INFECTOLOGISTA ESCLARECE MITOS E VERDADES SOBRE A DOENÇA



Texto extraído do Jornal Visão Empresarial da Acil de Limeira

Causada por um arbovírus (existem quatro tipo diferentes de vírus da dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4), a dengue é uma doença infecciosa transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. As epidemias ocorrem tipicamente no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos, porém há exceções, visto que todo o estado de São Paulo sofreu com uma das maiores secas já registradas nas últimas décadas neste início de ano.

Com o alerta instaurado na cidade, o jornal Visão Empresarial entrevistou a infectologista Dra. Maria Beatriz Bonin Caraccio, que esclareceu as principais dúvidas sobre os sintomas, diagnósticos e procedimentos necessários quando há a suspeita de dengue.

Quais sintomas indicam que a pessoa contraiu o vírus da Dengue?
Os sintomas clássicos são febre alta de início súbito, dores nas articulações, dor de cabeça, dor atrás dos olhos e pode ou não haver uma vermelhidão no corpo. É muito importante ficar atento aos chamados “sinais de alerta” que podem aparecer na minoria dos casos, indicando maior gravidade da doença. Esses sinais são dor abdominal persistente, vômitos repetidos, diminuição da quantidade de urina, alterações da consciência, como sonolência ou irritabilidade, e sangramentos (principalmente nariz e gengivas). Nestes casos deve-se procurar o serviço médico imediatamente.

Quanto tempo os sintomas apresentados permanecem ativos?
Geralmente o quadro dura em torno de cinco a sete dias, com resolução espontânea.

Existem grupos de pessoas que têm risco maior de complicações? Por quê?
As pessoas que já têm outras doenças crônicas possuem maior risco de complicações por terem, de alguma forma, o organismo já debilitado. As gestantes e idosos também têm maior risco.

Uma mesma pessoa pode se contaminar novamente? Ela corre risco maior se isso ocorrer? 
Uma mesma pessoa pode ter dengue até quatro vezes, mas somente uma vez por cada subtipo de vírus. A cada subtipo com o qual temos contato, o organismo cria anticorpos protegendo-o daquele subtipo específico. Entretanto, isso pode aumentar o risco de um quadro mais exuberante em situações de uma doença por outro subtipo, pois estes anticorpos deixam o corpo em estado de alerta, podendo haver uma resposta à presença do outro vírus mais rápida e intensa.

Quais os medicamentos e alimentos indicados para pacientes com suspeitas de dengue?
Não há orientações alimentares específicas, exceto a necessidade importantíssima de ingerir grande quantidade de líquidos. O ideal é ingerir vários litros de água por dia, e líquidos como chá ou sucos. Em relação aos medicamentos, há indicação apenas de uso de Dipirona ou Paracetamol para controle da dor e febre. Mas é importante observar as doses indicadas.

As pessoas devem evitar a ingestão de algum medicamento ou alimento enquanto doentes? Por quê?
 Deve-se evitar o uso de qualquer anti-inflamatório e medicamento à base de ácido acetil salicílico (AAS), pois ele podem aumentar o risco de sangramento.

Quando há um número elevado de pessoas infectadas com o vírus é normal começar a surgir também vários métodos e receitas para se proteger da contaminação. Isso pode gerar algum risco?
O risco é a possibilidade de intoxicação com determinados produtos e até queimaduras ou alergias pela utilização de produtos supostamente naturais, mas sem indicação para uso na pele. Cautela é sempre necessária.

Quais métodos são ou não eficientes na hora de se proteger da picada do mosquito?
Comprovadamente os repelentes reduzem o risco de picadas. Devem ser aplicados nas áreas expostas da pele, com reaplicações durante o dia de acordo com o fabricante de cada produto. Lembrar que há produtos específicos para crianças.
Sempre que possível, nesse período de epidemia, procurar usar calças compridas, meias e sapatos fechados, que reduzem as áreas expostas.

A população é a principal aliada no combate à dengue. Quais são as medidas ideais e corretas para evitar a proliferação do mosquito?
Se não houver mosquito, não há Dengue. Portanto, o mais importante é eliminar criadouros. Não deixar água acumulada em nenhum recipiente, por mínimo que seja, sem tampa ou proteção. Os recipientes de água dos animais devem ser lavados com esponja diariamente, e todos nós devemos olhar em nossas casas e locais de trabalho para verificar se não há locais de acúmulo de água facilitando a proliferação do mosquito.

Muito se fala quando o tema é Dengue. Quais são os mitos e verdades entre as informações mais difundidas entre a população?
Água: qualquer quantidade de água pode ser reservatório para os ovos e larvas. Não é preciso uma caixa d’água. Desde um papel de bala ou uma tampinha de garrafa já é suficiente para seu desenvolvimento.
Fumacê: não adianta fazer nebulização nas ruas. O mosquito vive dentro das casas. Além disso, essas nebulizações só matam mosquitos adultos. As larvas e os ovos não são atingidos pelo inseticida. Por isso é tão importante eliminar os criadouros.
Inhame e outros alimentos: não existe ainda comprovação científica sobre seu uso para reduzir os sintomas da Dengue.

Quem já teve Dengue anteriormente vai ter Dengue grave (hemorrágica) se pegar novamente? NÃO. Ter tido Dengue anteriormente pode aumentar o risco, mas não vai necessariamente acontecer. a


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